Partilha do saber<br>em ambiente «digital»
Sendo uma questão de sempre, a da partilha do saber, adquiriu, como não podia deixar de ser, contornos novos na época «digital». Para além das possibilidades técnicas de acesso ao saber serem mais dilatadas do que o eram até à actualidade, é o próprio poder de cercear esse acesso que vai sendo, e mais cedo do que tarde, cada vez mais difícil de manter. E isto a acontecer assim devido às características das tecnologias da informação e comunicação, por inerência flexíveis, adaptáveis, dadas à edificação de compatibilidades e de interoperabilidades, quantas vezes nem suspeitadas até pelos que melhor as julgam conhecer. Uma tecnologia própria para o desenvolvimento do trabalho em rede, nascida para servir de suporte eficaz à cooperação - à constituição de colectivos de colaboração. Aliás, o emprego de métodos open source - métodos de colaboração em ambiente de código aberto - é considerado cada vez mais como uma condição imprescindível para o progresso nesta área, tanto nas actividades de I&D, como nas adjacentes da normalização.
Isto é tanto assim, que mesmo os mais assanhados protectores dos «direitos de propriedade intelectual», e do sistema de patentes, até dirigentes de potentados empresariais que estão entre os maiores defensores de soluções proprietárias, mesmo esses começam a admitir que é desejável uma colaboração «aberta» a todos, em certos casos, para o desenvolvimento de determinadas soluções ou partes de normas. Que a estratégia deve ser delimitar as zonas onde a colaboração pode e deve acontecer. Pudera. Trata-se de promover a colaboração gratuita por voluntários em áreas onde colherão vantagens da junção de saberes, sem terem de as pagar, para além de incluírem nestas actividades de colaboração quadros seus que, nas arenas da partilha de saber, vão ampliando os seus saberes. As zonas não incluídas nos processos abertos de partilha de saber, essas, ficariam à mesma cativas de soluções proprietárias, de patentes, de direitos de propriedade intelectual ditos essenciais para quem os coloca ao dispor a preços de mercado.
Ora, entre as novas condições favoráveis que existem para a partilha do saber na era do digital, inclui-se a normalização e o seu contribuir para assegurar de um futuro ridente para o software open source (1) De facto, os protocolos a inserir nesta categoria - os protocolos desenvolvidos sobre códigos abertos -, ao serem ou fazerem parte de normas, vêem assegurada a interoperabilidade, portanto, o seu emprego pelos utilizadores e organizações, pelas empresas que fabricam ou fornecem sistemas e equipamentos que as incluem.
Na verdade, a normalização nivela a participação em ambientes onde a emulação entre as partes frutifica. E ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com o proprietário Windows, como a normalização se realiza através de processos participados, não conduz a uma focagem em ambientes que «obrigam» ao emprego de certos produtos, mas antes à vivência de ambientes em que a emulação cooperadora entre as partes é o seu modo próprio de fazer.
À entrada em cena do software nas actividades produtivas, correspondeu um impacte de mudança, quer em termos dos produtos - bens e serviços -, quer dos seus processos de produção. Uma transformação que ainda irá nos seus primórdios. Como o hardware é o que se vê, o que se sente sob os nossos dedos, a avaliação de tal impacte nem sempre é fácil de aceitar. No mínimo - ouve-se - os publicitários do software são uns exagerados. Mas, em média, qual não é a parte do software numa máquina ferramenta hoje em dia? E num avião? Ou num automóvel? E nas telecomunicações que, com a miniaturização, viram os seus equipamentos quase sumirem? Etc. Chamou-se a este fenómeno a sociedade da informação, depois, do conhecimento, no futuro, será a sociedade do saber fazer?
Exageros à parte, o certo é o software, e a sua criação, estar a tornar-se numa questão de importância crescente para mais e mais utilizadores, para cada vez mais e mais trabalhadores. Por aqui passa uma parte cada vez maior do saber fazer necessário. Daí a importância destas questões em termos de partilha do saber, daí o ter de se encontrar caminhos para uma acessibilidade - acessibilidade em sentido geral, e para todos - que, para se efectivar, requer a existência de um enquadramento livre de barreiras de «propriedade intelectual» - barreiras paralisadoras, mesmo para aqueles que com mais assanhamento defendem esta dama.
(1) OSS – Open Source Software
Isto é tanto assim, que mesmo os mais assanhados protectores dos «direitos de propriedade intelectual», e do sistema de patentes, até dirigentes de potentados empresariais que estão entre os maiores defensores de soluções proprietárias, mesmo esses começam a admitir que é desejável uma colaboração «aberta» a todos, em certos casos, para o desenvolvimento de determinadas soluções ou partes de normas. Que a estratégia deve ser delimitar as zonas onde a colaboração pode e deve acontecer. Pudera. Trata-se de promover a colaboração gratuita por voluntários em áreas onde colherão vantagens da junção de saberes, sem terem de as pagar, para além de incluírem nestas actividades de colaboração quadros seus que, nas arenas da partilha de saber, vão ampliando os seus saberes. As zonas não incluídas nos processos abertos de partilha de saber, essas, ficariam à mesma cativas de soluções proprietárias, de patentes, de direitos de propriedade intelectual ditos essenciais para quem os coloca ao dispor a preços de mercado.
Ora, entre as novas condições favoráveis que existem para a partilha do saber na era do digital, inclui-se a normalização e o seu contribuir para assegurar de um futuro ridente para o software open source (1) De facto, os protocolos a inserir nesta categoria - os protocolos desenvolvidos sobre códigos abertos -, ao serem ou fazerem parte de normas, vêem assegurada a interoperabilidade, portanto, o seu emprego pelos utilizadores e organizações, pelas empresas que fabricam ou fornecem sistemas e equipamentos que as incluem.
Na verdade, a normalização nivela a participação em ambientes onde a emulação entre as partes frutifica. E ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com o proprietário Windows, como a normalização se realiza através de processos participados, não conduz a uma focagem em ambientes que «obrigam» ao emprego de certos produtos, mas antes à vivência de ambientes em que a emulação cooperadora entre as partes é o seu modo próprio de fazer.
À entrada em cena do software nas actividades produtivas, correspondeu um impacte de mudança, quer em termos dos produtos - bens e serviços -, quer dos seus processos de produção. Uma transformação que ainda irá nos seus primórdios. Como o hardware é o que se vê, o que se sente sob os nossos dedos, a avaliação de tal impacte nem sempre é fácil de aceitar. No mínimo - ouve-se - os publicitários do software são uns exagerados. Mas, em média, qual não é a parte do software numa máquina ferramenta hoje em dia? E num avião? Ou num automóvel? E nas telecomunicações que, com a miniaturização, viram os seus equipamentos quase sumirem? Etc. Chamou-se a este fenómeno a sociedade da informação, depois, do conhecimento, no futuro, será a sociedade do saber fazer?
Exageros à parte, o certo é o software, e a sua criação, estar a tornar-se numa questão de importância crescente para mais e mais utilizadores, para cada vez mais e mais trabalhadores. Por aqui passa uma parte cada vez maior do saber fazer necessário. Daí a importância destas questões em termos de partilha do saber, daí o ter de se encontrar caminhos para uma acessibilidade - acessibilidade em sentido geral, e para todos - que, para se efectivar, requer a existência de um enquadramento livre de barreiras de «propriedade intelectual» - barreiras paralisadoras, mesmo para aqueles que com mais assanhamento defendem esta dama.
(1) OSS – Open Source Software